28 DIAS EM TALLINN
28 DAYS IN TALLINN
Manu Romeiro é artista visual e arte educadora, nascida em São Paulo, Brasil. É mestre em pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (2020), bacharel (2008) e licenciada (2009) pela Faculdade de Artes Visuais da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Foi artista pesquisadora em gravura em metal no ateliê do Sesc Pompéia, SP, coordenado por Evandro Carlos Jardim, de 2012 a 2017.
Expõe o seu trabalho desde 2005 pelo Brasil, Portugal, Itália, Estónia, Camboja e Coreia do Sul.
No ano presente, expôs nas individuais Retrato Falado: São Miguel de Acha na Casa de Cultura de São Miguel de Acha (PT), 28 days in Tallinn na Galeria Vent Space,Tallinn (EE) 2022 e nas coletivas Salão de Artes Visuais de Vinhedo – SAV 2022, Vinhedo (PT) no qual recebeu prêmio honorífico para a obra Sementona, Festival de Artes de Seia – ARTIS XV, Seia (PT), entre outras. Nos anos anteriores destacam-se a coletiva Prémio Internacional de Artes Plásticas - Cidade da Guarda, Museu da Guarda (PT) 2021, Prêmio Bons Tempos, Casa Útero, Lisboa (PT), Pequenos Formatos, Galeria Monumental, Lisboa (PT) 2021, 15o Prêmio de Pintura de Sintra, no Museu de arte de Sintra (PT), 2020, Bienal das Artes Sesc DF 2018, Brasília, (BR), entre outras. Participa de residências artísticas desde 2009, recebeu a 2a edição de Bolsa para Artistas da Incubadora DAO 2021 e realiza a intervenção Retrato Falado em diversas regiões do Brasil e Portugal desde 2014.
Artista:
Manu Romeiro
Curador:
Sandro Leite
O que contam as histórias?
Histórias são acontecimentos, fatos históricos, intimidades. Histórias são narrativas que as palavras tentam capturar, mas por vezes fluem como água pelos dedos e talvez porque a impetuosidade do verbo ameace a dimensão inconsciente que é, por natureza, relutante a se manifestar, e ser nomeada.
Histórias não são apenas relatos que se desenvolvem numa sequência temporal ou de sentido, mas tudo aquilo que não é dito, e sim pressentido, capturado pela animosidade entre quem conta e quem escuta – é na verdade um diálogo, um cruzamento de almas.
Mas quando as histórias não são contadas, como podem ser apreendidas? Pela imersão! Pelo contato direto com o desconhecido e com o perigo que se corre de ser contagiado e talvez contaminado pela atmosfera dos lugares e de tudo o que ali já aconteceu. Afinal, todo evento, toda experiência e pensamento deixam registros. Como profetiza Ulysses de James Joyce: "fecha os olhos e vê".
E assim são os desenhos inacabados, esboços, tecidos crus, fios soltos, pedras e vento: traços e materialidades que compõem as andanças e as dinâmicas criativas de Manu Romeiro e de como as histórias são registradas, enquanto processo.
Um desenho acabado é como uma história que termina.
Um esboço é um irresistível campo de ampliações.
O que se escreve e o que se torna imagem a partir de uma viagem, de uma paragem?
As viagens de Goethe, de Darwin, dos irmãos Villas-Bôas, de grandes pintores que se aventuraram em terras longínquas em busca de sóis mais reluzentes e de quantos horizontes que já foram explorados. E quantas paisagens capturadas pela parcimoniosidade gráfica e pictórica de viajantes estrangeiros em terras tropicais como Franz Post, Rugendas, Eckhout.
Mas o que conecta o viajante, seus anseios e desejos com aqueles ou com aquilo que habita em um determinado lugar? Uma inexplicável conexão, um mistério, uma magia talvez. Como explicar as conexões e os destinos, senão pela insistência humana em se aproximar ou tocar aquilo que ainda não se conhece, mas que é apenas intuído?! As construções culturais e cosmologias tratam disso: a Terra Sem Males dos índios Guarani, a ideia de um Paraíso, do Eldorado, Hiperbórea, Agartha, Atlântida entre tantos outros reinos que contagiam o imaginário e fazem sonhar. O sonho é uma história que se conta a cada noite!
Viagem e trans-viagem
Afinal, de quem é a arte/obra?
Daquele que tem os meios para materializar percepções, pensamentos e desejos? Também daqueles que contam histórias e imprimem na obra singularidades que só são expressadas pela engenhosidade do artista?